Talvez, assim, me parecesse bela
Preso na noite, encrostado,
Guardo o beijo que não dei a ela
Leio Castro Alves, insone
Admiro-me com a paixão
O tempo, quase em mim, consome
E o dia parece pedir perdão
As nuvens lembram um rosto envergonhado
De negras tranças a emoldurar-lhe a face
Eu bem queria estar enamorado
Servir-me da ponta de esperança que renasce
É como se me observasse, a escuridão
Zombasse de tudo que não fiz
Este brilho da noite, é solidão
Toque da prestativa meretriz
Não hei chamar de pura
Nem apreciar-lhe o jeito vil
A verdade da sombra é escura
Já não era anjo quem caiu
27 de outubro de 2002
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