terça-feira, 26 de agosto de 2008

Receita de um Poema

As palavras chegam até mim
Sem que eu as perceba
Brotam de alguma cepa,
De um perfume de jasmim

Queria poder viver mil noites suicidas,
Atirar-me nas alegrias da vida
Mas o corpo cansa, desmancha, acaba
Precisa do descanso da velha taba

Queria viver o mundo insano
Sem regra, sem plano...
No sereno da noite despertar a alma
- Livrar, do corpo, o trauma

Mas ainda é necessário escrever
E ainda mais necessária é esta mão
Pena que o homem só acredita no que vê
E esquece que os olhos só pregam a ilusão

O espírito desfaz-se dos despojos e vai falar com Deus
Reconhece o caminho dos céus, a verdade plena
E quando volto ao corpo e abro os olhos meus
Já está pronto, o poema


11 de agosto de 2001